quinta-feira, 5 de março de 2015

A Coluna Vertebral

Em sânscrito, a coluna vertebral designa-se por meru danda. «Meru» é uma montanha lendária que se supõe ser o centro do macrocosmo «danda» traduz-se com «pau». A coluna é, portanto, o centro do microcosmo, a sede das atividades neuromotoras do corpo. Do mesmo modo que a montanha Meru sustenta o corpo do macrocosmo, a coluna vertebral sustenta o nosso corpo.
            Assemelhando-se a uma serpente, a coluna vertebral é capaz de realizar todo o tipo de movimentos característicos destes animal. Para conservar a sua forma correta, a coluna deve mover-se por meio de exercícios, yoga e dança, mantendo-se sempre direita. Quando existem desordens físicas ou mentais, os pacientes não são capazes de manter a coluna direita.
            A maior parte das pessoas não tem consciência da forma da sua coluna vertebral e não se senta com ela direita. Esta é frequentemente a causa de muitos problemas fisiológicos e psicológicos. Em geral, a coluna começa a deformar-se depois dos 45 anos devido, em parte, ao processo de envelhecimento natural e deficiências vitamínicas. Desenvolver uma consciência preceptiva em relação à coluna vertebral e mantê-la direita e sem suportes que não sejam naturais constituem os primeiros passos para frutar de uma vida sã.
            As vértebras da coluna formam um canal que aloja e abriga a espinal medula. Em conexão com o tronco cerebral e com o próprio cérebro, que se encontra protegido pelo crânio, a espinal medula integra o sistema nervoso central, que constitui o centro de controlo do vasto e complexo sistema nervoso, cujas ramificações percorrem todo o corpo sem exceção. OS nervos motores, os nervos simpáticos e os nervos parassimpáticos, que se relacionam com as funções de atividade e de descanso, propagam-se desde a medula, juntando-se através das vértebras e do sacro. É a partir deste osso que os referidos nervos se ramificam pelo resto do corpo, ora estimulando os tecidos dos músculos e dos órgãos ora diminuindo as atividades destes últimos. A posição correta da coluna é a chave para o bom funcionamento do corpo: a coluna é a base da juventude e do vigor, e quem a mantém direita permanecerá forte, com capacidade para pensar e atuar plenamente, usufruindo de uma vida energética.
            Quando realizada de modo apropriado e incluindo a manipulação das vértebras, a massagem na coluna pode curar os nervos débeis e as desordens psíquicas. É interessante observar como a coluna se curva em momentos de tristeza e de pessimismo. Por outro lado, quando existe agudeza de espírito, inspiração e alegria, mantém-se automaticamente direita. A circulação do líquido cerebrospinal, um líquido vital que se forma no cérebro e é bombeado a partir dele através da medula, é essencial para a conservação do alinhamento correto da coluna. Os exercícios físicos, tal como andar, praticas yoga ou dança, favorecem a referida circulação e, portanto, quem os praticar sentir-se-á inspirado e renovado. Este líquido, que constitui a nutrição do sistema nervoso, contém muitas enzimas promotoras do desenvolvimento, sendo responsável pela saúde física e mental. U, método eficaz para fomentar a sua boa circulação constiste em rodar a coluna como se faz no hatha yoga.
            Ao tratar a coluna, deve-se ter cuidado para não realizar massagens demasiado intensas nem exageradamente suaves. Se a massagem e a pressão forem muito fortes, não serão bem toleradas e poderão ter um efeito adverso sobre os nervos e o cérebro. Uma massagem na coluna sem óleo não é eficaz. Se administrada apropriadamente – com óleo, paciência e a pressão correta -, o óleo será absorvido facilmente e ajudará a aumentar a sua flexibilidade. Se esta prática for efetuada diariamente, ou pelo menos três vezes por semana, conseguir-se-á proteger a coluna do perigo da rigidez e, ao mesmo tempo, evitar-se-ão desordens nos rins, no fígado, no estômago, nos pulmões e no cérebro.
            A massagem na coluna é especialmente importante, porque a coluna é a sede dos contros psíquicos ou chacras. De acordo com as escrituras do tantra e do yoga, antigas ciências cujo objetivo era alcançar estados superiores de consciência, a base da coluna constitui o assento da energia espiritual latente chamada Kundalini. Embora não seja possível despertar a Kundalini através da massagem, a mesma pode influenciar os chacras, que se encontram relacionados com as glândulas endócrinas no plano físico. De facto, a massagem de coluna induz a trocas na química corporal e liberta a tensão do corpo.
            Se considerarmos o corpo como uma árvore invertida, de acordo com a descrição do Bhagavada Gita, o cérebro transforma-se nas raízes e a coluna é o tronco. Tal como o tronco direito de uma árvore canaliza a força gravitacional através de si mesmo, a coluna suporta o corpo e protege-o de ser distorcido por essa mesma força.

Vértebra
Áreas
Efeitos
1ª Cervical (C)
Fornecimento de sangue para a cabeça, glândula pituitária, couro cabeludo, ossos dos rosto, cérebro, ouvido interno e médio, e sistema nervoso simpático.
Dores de cabeça, nervosismo, insónias, constipações, hipertensão arterial, enxaquecas, esgotamento nervoso, amnésia, cansaço crónico e vertigens.
2ª C
Olhos, nervos ópticos, nervos auditivos, seios perinasais ossos mastóides, língua e parte anterior da cabeça.
Problemas nos seios perinasais, alergias, estrabismo, surdez, problemas visuais, dores de ouvidos, desmaios periódicos e casos de cegueira.
3ª C
Bochechas, ouvido externo, ossos do rosto, dentes e nervo trigémeo.
Nevralgas, neurites, acne e eczema.
4ª C
Nariz, lábios, boca e trompa de Eustáquio.
Febre dos fenos, secreções, perda de audição e adenoides.
5ª C
Cordas vocais, glândulas do pescoço e faringe.
Laringite, rouquidão, problemas relacionados com a garganta, como dores amigdalites.
6ª C
Músculos do pescoço ombros e amígdalas.
Rigidez do pescoço, dores na parte superior do braço, amigdalites e tosse convulsa.
7ª C
Glândula tiroide, região dos ombrões e cotovelos.
Bursites, constipações e problemas da tiróide.
1ª Torácica (T)
Parte do braço abaixo do cotovelo, incluindo mãos, punhos e dedos, bom como esófago e traqueia.
Asma, constipações, dificuldades respiratórias, respiração superficial, dores na região inferior dos braços e nas mãos.
2ª T
Coração e artérias coronárias
Problemas funcionais do coração e determinadas dificuldades no tórax, bem como dor na região superior das costas.
3ª T
Pulmões, brônquios, pleura, tórax e peito.
Bronquites, pleurites, pneumonia e congestão.
4ª T
Vesícula biliar e canal biliar.
Problemas na vesícula biliar, assim como icterícia e varicela.
5ª T
Fígado, plexo solar e circulação sanguínea.
Febre, Hipertensão arterial, anemia, circulação deficiente, artrites e problemas no fígado.
6ª T
Estômago.
Problemas gástricos, incluindo nervos, indigestão, azia e dispeneia.
7ª T
Pâncreas e duodeno.
Úlceras e gastrites.
8ª T
Baço e diafragma.
Soluços e fraca resistência
9ª T
Glândulas supre-renal
Alergias e urticárias.
10ª T
Rins.
Problemas renais, rigidez das artérias, cansaço crónico e nefrite.
11ª T
Rim e uréter.
Problemas de pele, como acne, borbulhas, eczemas e furúnculos.
12ª T
Intestino delgado e circulação linfática.
Reumatismo, acumulação de gases e certos casos de esterilidade.
1ª Lombar (L)
Intestino grosso e anéis inguinais.
Obstipação, colites, disenteria, diarreia e hérnias.
2ª L
Apêndice, abdómen e região superior das pernas.
Cãibras, dificuldade respiratória, acidose e varizes.
3ª L
Órgãos sexuais, útero, bexiga e joelhos.
Diversos tipos de dores nos joelhos, impotência, problemas de bexiga e problemas menstruais, como dores ou período irregular.
4ª L
Próstata, músculos da região lombar e nervo ciático.
Ciática, lumbago, dores nas costas, bem como dores, dificuldades ou aumento da frequência urinária.
5ª L
Porção inferior das pernas, tornozelos e pés.
Circulação deficiente nas pernas, inchaço dos tornozelos, fragilidade ou tornozelos arqueados, pernas frias e frágeis, assim com cãibras.
Sacro
Ossos dos quadris e nádegas.
Problemas no sacroilíaco e escoliose.
Cóccix
Recto e ânus.
Hemorróidas, dores na base da coluna ou ao sentar.

            Cabe ainda lembrar que desalinhamentos das vértebras e dos discos na coluna pode causar irritação no sistema nervoso e afetar estruturas, órgãos e funções.

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